LENDAS DE OXÓSSI
Oxóssi (Odé) é irmão de Ogum e este o amava e cuidava muito; conta a mitologia que um dia voltando Ogum da batalha, encontrou o irmão amedrontrado e cercado por inimigos que já tinham destruído quase tudo na aldeia em que moravam.
Mesmo cansado Ogum fico irado e com sede de vingança; com sua espada de ferro brigou com eles até vence-los.
Ogum ensinou Oxóssi a caçar, a abrir caminhos pelas florestas e matas. Ele também lhe ensino a defender-se dos ataques dos outros e a cuidar da sua gente.
Ogum transformou Oxóssi em provedor.
Ogum é o grande guerreiro.
Oxóssi é o grande caçador.
Oxóssi desrespeita a lei
Havia um dia especial no reino em que não se caçava, era o dia de levar as oferendas.
Oxóssi queria caçar e não se importou com a lei. Foi caçar. Naquela época estava casado com Oxum, e esta, já cansada de ver o marido quebrar as leis sagradas abandonou a casa e o esposo e foi embora.
Andando pela mata Oxóssi ouviu um canto muito encantador que dizia “eu não passarinho para ser morta por ti…”
Ele olhou e viu uma serpente, era Oxumaré, mas Oxóssi acostumado a não respeitar nada nem ninguém atravessou a cobra com sua lança, partindo-a em vários pedaços.
Ele voltou para casa e no caminho ouvia o mesmo canto “Eu não sou passarinho…”
Ao chegar em casa Oxóssi foi para a cozinha, preparou a cobra e a comeu. Pela manhã Oxum voltou para casa para ver como estava o marido e o encontrou morto.
Ao lado de Oxóssi (também chamado de Odé) viu o rasto de uma serpente que ia até a entrada da floresta.
Desesperada Oxum foi procurar Orunmilá e ofereceu muitos sacrifícios. Odé viveu de novo e recebeu o cargo de protetor dos caçadores.
Oxóssi foi transformado em orixá.
Oxóssi ganha a cidade de Queto
Um dia Orunmilá precisava de um pássaro raro para fazer um feitiço de Oxum. Ogum e Oxóssi sairam pela mata a procura de um. Um dia antes da entrega do feitiço Oxóssi se deparou com a ave, mas viu que só tinha uma flecha. Mirou com atenção e conseguiu! Voltou para a aldeia com a ave e Orunmilá ficou muito feliz dando-lhe a cidade de Queto para cuidar até sua morte e o nomeou Orixá da caça e das florestas.
Oxóssi mata a mãe
Um dia Olodumaré chamou Ifá (Ounmilá) e lhe pediu uma codorna, mas era muito difícil encontrar uma. Mas Olodumaré insistiu. Orunmilá partiu, viajo por muitas aldeias, muita gente ria dele, debochavam. Decidiu voltar sem a codorna.
Entrou na mata e andando começou a ouvir um som de cânticos. Chegou a uma aldeia em que os tambores tocavam para Iemanjá, Xangô, Oxum e Abatalá.
No meio da roda dançava uma bela rainha: era Oxum com toda sua graça. Ao seu lado um jovem viril dançava também. Era Oxóssi.
Orunmilá quis conversar com ele e lhe passou a missão de conseguir uma codorna. Oxóssi ficou honrado e de manhã saiu para caçar. Mas, quando foi entregar ele apareceu assustado e irado dizendo que lhe tiram roubado a caça. Sua mãe não quis nem saber dele e saiu andando.
Orunmilá exigiu que Oxóssi lhe trouxera uma codorna.
Oxóssi caçou outra codorna e a guardou e junto com Ifá levaram a codorna para o senhor do mundo, Olodumaré.
Este fez de Oxóssi o Senhor dos Caçadores.
Então Oxóssi pegou seu arco e flecha e disparando-a disse: esta flecha vai se cravar no coração de quem roubou a primeira codorna.
Ao chegar em casa encontrou sua mãe morta com a flecha cravada no peito.
Desesperado, ficou chorando e negou o título que ganhara.
Bibliografia
Mitologia dos Orixás, Reginaldo Prandi, Ed. Companhia das Letras, 13° reimpressão.