4/12 – DIA DE IANSÃ! EPARREI!
O nome Iansã significa mãe de nove filhos. (Mitologia dos Orixás, Reginaldo Prandi).
Oiá, (ou Oyá) o nome que ganhou ao nascer, é um orixá muito poderoso, Senhora do rio Niger no qual se transformou após a morte do seu amado Xangô.
Oiá-Iansã ganhou muito poder como presente dos orixás:
Com Ogum adquiriu o direito de usar a espada em sua defesa e dos demais.
Com Oxaguiã recebeu o poder de usar o escudo para proteger-se dos inimigos.
Com Exu, adquiriu o poder do fogo e da magia.
Com Oxóssi adquiriu o poder da caça para suprir carne para seus filhos.
Com Logum Edé recebeu o poder de pescar.
Ao final foi para reino de Xangô envolvendo-o e encantou e apaixonou e viveu com ele por toda a vida. Com Xangô adquiriu o poder do encantamento, o domínio dos raios e da justiça. Xangô apaixonado a comparava ao céu rosado.
Lenda mitológica da pele de búfalo
Ogum caçava na floresta quando viu un búfalo. Preparava-se para caça-lo quando viu sair debaixo da pele do animal uma mulher muito bonita. Era Oiá que não se diu conta que estava sendo observada. Ogum robou a pele que a cubria e a escondeu em sua casa. Saiu e foi ao encontro da bela mulher no mercado aonde a cortejou, mas ela se dirigiu rapidamente para a floresta só que chegando lá não achou a pele de búfalo. Voltou ao mercado, mas Ogum negou que tivesse pegado algo e apaixonado a pidiu em casamento. Astutamente, ela aceitou o pedido e foi morar com ele na sua casa. Porém fez duas exigências: ninguém poderia referir-se a ela fazendo alusão a seu lado animal e ninguém poderia usar a casca do dendê para fazer fogo. Ogum concordou e viveram em paz. Mas, ela não conseguia ter filhos e depois de oferecer um presente ao Universo ela engravidou de nove filhos. Então, quando ela pasava pelas ruas as pessoas diziam lá vai Iansã, mãe dos nove. Mas Iansá nunca deixou de procurar a pele de búfalo.
As outras esposas de Ogum sentiam muito ciúme e queriam saber a origem de Iansão. Uma delas o embebedou e erle contou o segredo da pele. Então, as mulheres começaram a insinuar coisas e iansão incomodada procurou em todos os quartos até que achou a pele, a vistiu e quando as mulheres chegaram as atacou dando chifradas e abrindo a barriga delas. Somente poupou os nove filhos. Após acalmar-se deixou com seus filhos os chifres e partiu da casa. Mas, antes ensinou: em caso de perigo deveriam esfregar um chifre no outro e Iansão viria, de qualquer lugar que estivesse, com a velocidade do raio.
Xangô e Ogum brigam por Iansã
Oiá era uma mulher muito desejada porque além de ser poderosa e bonita ela cozinhava muito bem. Ela fazia acarajés como ninguém. Um dia Xangô levou Iansão da casa de Ogum. Quando este ficou sabendo decidiu ir buscar sua mulher. Começou então a disputa por Iansã: consultaram o oráculo (Ifá), fizeram oferendas e partiram para a luta. E nunca mais pararam gerando muitas histórias que são contadas até hoje em todos os terreiros.
Foi assim que Oiá ganhou de Ogum uma espada e nunca mais deixou de ser guerreira e amante e continua sendo disputado pelos seus amados.
Oiá se transforma no vento
Iansã tinha muitas jóias e as usava com orgulho.
Um dia resolveu sair de casa e se arrumou toda, mas os pais lhe disseram que era muito perigoso sair assim, tão cheia de jóias.
Iansã, furiosa, tirou tudo e deu para Oxum e fugiu voando, rápida, pelo teto da casa, arrasando tudo que tivesse no caminho.
Iansã tinha se transformado no vento.
Iansã cria o vento e a tempestade
Os orixás estavam em guerra. Ogum fazia as armas, mas era muito devagar trabalhar o ferro e Oxaguiã pidiu pressa. Iansão decidiu ajudar e someçou a assoprar o fogo da forja de Ogum e o fogo mais forte derretia rapidamente o ferro e as armas saiam com mais rapidez. Com mais armas Oxaguiã ganhou a guerra. Então veio à casa de Ogum agradecer e se enamorou de Iansã. Os dois fugiram, deixando a forja de Ogum fria. Numa outra guerra Oxaguiã precisou da forja de Ogum para as armas, mas Iansão não quis voltar à casa de Ogum e assoprava de longe o vento para avivar o fogo. E seu sopro cruzava a terra e os ares e arrastava tudo consigo: as folhas, o pó e tudo em seu caminho. O povo se acostumou com o sopro de Iansã e o chamou de vento. E quando Iansão assoprava mais forte o vento destruia tudo em seu caminho, levava casas, arrancava árvores. A isto o povo chamava de tempestade de Iansã.
Lenda do coral
Oiã fugiu de perto de Xangó e não querendo ser encontrada por ele pidiu a Exu que fizesse un encantamento. Exu a aconselhou a ficar perto do mar e enrolar-se sobre si mesma.
Xangó passou por ela e nõ a viu.
Exú havia transformado Iansão num lindo e natural coral.
CORRESPONDÊNCIAS – SINCRETISMO
No candomblê seu dia é a Quarta-feira.
Suas cores são: Marrom, Vermelho e Rosa.
Na Umbanda o dia e quarta feira.
Cor: amarelo
No sincretismo da Umbanda é Santa Bárbara, Senhora das tormentas com raios e trovões.
O elemento que rege é o ar pelo poder do vento e o fogo pelo dom do raio.
Seu símbolo é a espada e o ereusin, espécie de rabo de cerdas de cavalo num cabo de cobre e que serve para afastar os eguns.
O coral faz parte da sua força.
Tem poder sobre o fogo, tempestades, raios e a morte.
Pedra: granada.
Comida: acarajé
Fruta: manga, manga rosa, uva rosada.
Verduras e legumes: cenoura, quiabo (por Xangô).
Plantas: bambuzal e espada de Iansâ.
Saudação: Eparrei!
ARQUÉTIPO
Características dos filhos de Iansã/Oiá
Para eles a vida é uma aventura e sentem prazer quando tem que enfrentar riscos e desafios. São movidos pela paixão, as mulheres regidas por Iansã são guerreiras acima de tudo, lutam pelo que acreditam e vem oportunidade de lutar em tudo. São fortes, corajosas e preferem a vida nas ruas, trabalhando, guerreando do que os afazeres domésticos. Conseguem o que desejam por vontade férrea.
São extrovertidos, corajosos, auténticos, porém mudam de humor muito rápido e geralmente ninguém entende o que acontece. Quando explodem se assemelham ao vento destruidor, ficam cegas e acabam com a pessoa. Quando estão calmas são como a brisa suave que traz prazer.
No amor se apaixonam a entregam a sua paixão, mas esquecem rapidamente das pessoas. Porém, enquanto estão junto são fieis a quem amam. Ao encontrarem alguém que permitem que elas se tornem o centro das atenções e do comando do casal se controlam e ficam juntos pelo resto da vida.
Como amigos são bons, porém se acabar a amizade são capazes de usar o que sabem contra o ex-amigo.
Como mães não suportam ver seus filhos sofrendo e se alguém mexer com eles elas brigam com quem for. Arrastam tudo como o vento e destroim a pessoa.
Bibliografia
– Mitologia dos Orixás – Reginaldo Prandi, Ed. Companhia das Letras, 13 Ed., 2001.
– Iansã do Balé Senhora dos Eguns – Gulherme d”Ogun – Ed. Pallas